segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

saudosos anos 2000 - don't believe the hype


hype - A clever marketing strategy which a product is advertized as the thing everyone must have, to the point where people begin to feel they need to consume it. To create interest in by flamboyant or dramatic methods; promote or publicize showily



Vivia-se o ano de 2005 e o mote acima transcrito servia como cartão de visita para a apresentação da banda mais falada do momento: Arctic Monkeys. 4 putos de Sheffield estavam a virar do avesso a cena musical britânica, e os circuitos musicais borbulhavam com as demos e as gravações quase trapalhonas destes miúdos, mas que contagiavam à primeira audição. As mesmas eram distribuídas gratuitamente nas actuações que realizavam, e o resto era feito pelos fãs. O "vírus" espalhava-se de uma forma rápida. Depois dos Arctic Monkeys, os sites de redes sociais, nomeadamente o MySpace, nunca mais foram os mesmos. Não terão sido com certeza os primeiros a saber aproveitar o potencial da Internet como meio de divulgação da sua música, mas foi com eles que o paradigma começou a mudar (curiosamente os próprios admitiram que a sua página de MySpace fora criada por fãs, e que eles nunca tiveram responsabilidade no fenómeno).

Ainda antes de "Whatever People Say I Am, That's What I'm Not" ser gravado, as músicas que iam estar no álbum já eram sucessos garantidos. Os fãs já sabiam as letras todas de cor, os concertos estavam cheios e o culto ameaçava crescer a um ritmo nunca antes visto. O primeiro single "I Bet You Look Good On The Dancefloor" descolou imediatamente para nº1 do top. Quando surgiram na capa do NME, em Janeiro de 2006, poucos dias antes do lançamento oficial do álbum de estreia, o hype rebentou. O resultado: bateram todos os recordes de vendas até à data, número 1 no top britânico durante semanas a fio, tudo isto culminado com o Mercury Prize entregue no mesmo ano.

Rapidamente acusados de serem levados ao colo pela imprensa e de serem sobrevalorizados, a verdade é que "Whatever People Say I Am, That's What I'm Not" pemaneceu imune às críticas negativas e falava por si. A energia presente no álbum é inegável. Somos imediatamente arrasados com o tema de abertura, e a partir daí a viagem só se torna (ainda) mais alucinante. Sem pormenores técnicos nem rasgos virtuosos, a música destes rapazes não tinha segundas intenções. O esquema, aliás, é surpreendentemente simples e eficaz: uma secção rítmica frenética, guitarras a 100 à hora, e uma voz carismática disparando letras de cariz social, sarcásticas e mordazes. Os Arctic Monkeys tornaram-se na voz da juventude britânica, e o mundo seguir-se-ia pouco tempo depois.
Alex Turner está longe de ser um líder polémico e mediático, e o sucesso meteórico nunca subiu à cabeça da banda. Desde cedo manifestaram uma paradoxal maturidade que contrastava com o público que os ouvia, com o próprio aspecto da banda (quantos músicos se gabam de receber um Mercury Prize com borbulhas na cara?), ou com a opinião da crítica e da sociedade sobre eles, fosse ela qual fosse, que assistia à sua conquista da cena musical.
Felizmente, eu nunca acreditei no "hype".


1. The View From The Afternoon
2. I Bet You Look Good On The Dancefloor
3. Fake Tales Of San Francisco
4. Dancing Shoes
5. You Probably Couldn't See For The Lights But You Were Looking Straight At Me
6. Still Take You Home
7. Riot Van
8. Red Light Indicates Doors Are Secure
9. Mardy Bum
10. Perhaps Vampires Is A Bit Strong But...
11. When The Sun Goes Down
12. From The Ritz To The Rubble
13. A Certain Romance

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