quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

fazer música à Arcade Fire é com os The Antlers


Como dizia Vítor Belanciano no primeiro Super Disco, não é sua ambição conhecer tudo, no que à música diz respeito. Mas há certas obras-primas que, quer queiramos ou não, nos escapam. No entanto, se quisermos ser um bocadinho mais felizes, há uma em particular que não podemos esquecer. "Hospice", o último disco dos The Antlers, banda de Brooklyn, é essa obra-prima que apareceu por acaso, graças a um pequeno post do Ípsilon no Facebook que citava o crítico de música Luís Maio. Depois, nem cheguei a ler o texto. Mas o senhor que estava ao balcão da Louie Louie, no Chiado, disse-me que o disco era bem bom. E eu concordo.

Os The Antlers têm mais dois álbuns, "Uprooted" e "In The Attic of the Universe", de 2006 e 2007, respectivamente. Não conheço os trabalhos em questão mas depois deste "Hospice", não demorarei muito tempo a desbravar a discografia do trio nova-iorquino liderado por Peter Silberman.

O álbum conta uma estória. Começa com "Prologue" e termina com "Epilogue". A primeira, mais abstracta e ruidosa, marca o início duma viagem que nos lembrará, ao chegarmos à décima e última faixa do disco, Arcade Fire e "The Funeral", autêntica compilação de hinos e canções que marcariam a história para sempre. Mas como a história é feita de estórias, "Hospice" é mais um desses contos que insiste em não se fazer esquecer. Atenção: estamos a falar dum trabalho absolutamente acústico, por vezes folk, outras mais a puxar para o indie rock à boa maneira arcadefireana. A voz de Silberman lembra-nos Win Butler, que lembra Bowie. Não sei se Bowie faz sentir saudades de alguém, porque só ele é assim.

Mas não nos percamos, o que também não era fácil.

Estamos num mundo feito à base de piano, cordas sinfónicas (também há secções de sopros metálicos - trompetes, trombones e trompas), reverberação, uma guitarra ligeiramente distorcida - quando não é acústica - e uma bateria recrutada para fazer o mesmo que nos Arcade Fire. Com estes ingredientes, o resultado é uma das obras-primas dos últimos anos e um dos melhores registos deste ano. Podem não ser singles como "Power Out" ou "Tunnels", mas despertam-nos provavelmente maior interesse.

Não é um disco imediato. Não porque seja difícil de ouvir - não é, de todo. Mas requer termos tempo para o consumir. Dispensar uma hora com "Hospice" será certamente um serão ganho.



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