Não sei como é que se passa convosco, mas a mim acontece-me, por vezes, apaixonar-me à primeira vista por um determinado artista ou banda, por ouvir um album uma vez e ficar imediatamente arrebatado pelo seu conteúdo.
Os Elbow chamaram-me à atenção por terem sido os (inesperados, para alguns) vencedores do Mercury Prize de 2008, deixando para trás adversários como os Radiohead, Burial ou os The Last Shadow Puppets, tudo nomes que cimavam as apostas para vencer. O álbum consagrado, de nome The Seldom Seen Kid, chegou-me aos ouvidos já decorria o ano de 2009. E muitas cabeçadas na parede considerei eu dar, por tanto demorar a descobrir a obra deste quinteto britânico.
Apesar de existirem desde 1990, os Elbow têm a particularidade do seu álbum de estreia datar de 2001, e desde então tem editados 4 LP's, com o último dos quais a arrecadar o prestigiante galardão que premeia o melhor artista britânico do ano corrente. E apesar de ainda estar a desbravar a discografia destes senhores, The Seldom Seen Kid conquistou-me à primeira audição. É um disco recheado de canções belíssimas, melodias marcantes e inteligentes, guiadas pela voz rouca e envolvente de Guy Garvey (Peter Gabriel vem imediatamente à cabeça). Faixa a faixa, vamos descobrindo um trabalho de produção fantástico, onde baixos sintetizados convivem lado a lado com guitarras acústicas, coros arrebatadores, ritmos embaladores e orquestrações épicas e imponentes. As melodias são lindíssimas sem serem óbvias, e o segredo passa por conseguir, de uma forma inteligente, equilibrar harmonias majestosas com uma simplicidade e sensibilidade únicas, tornando o som inovador e característico.
A música dos Elbow podia ser a banda sonora de uma vida, e eles conseguem-no sem atingir um sucesso comercial relevante. O que faz deles um autêntico tesouro a descobrir, coisa que recomendo vivamente.