sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Back to blogging life with Dirty Projectors

Depois de 3 meses que irão marcar o resto da minha vida, eis-me novamente na blogosfera.



Decidi, portanto, assinalar este regresso com a referência a uns tipos que a merecem. Isto porque não só têm um dos registos mais marcantes deste ano que já vai chegando ao fim, como se destacarão, chegadas as horas de fazer contas, nos primeiros lugares das já habituais listas. Se me ilustram como autêntico cromo dos "tops", então terão que ver, em primeiro lugar, "Alta Fidelidade", com John Cusack e Jack Black, entre outros. Para depois pensarem duas vezes. Mas não nos distanciemos do que importa de facto aqui.

A primeira coisa que me chegou aos ouvidos destes norte-americanos - de Brooklyn, claro está (boa opinião do Breites sobre isso aqui) -, foi no primeiro Super Disco, no Teatro Maria Matos. Vítor Belanciano, do Público, foi falar sobre "Remain In Light" dos Talking Heads, mas começou por pôr uma faixa do disco "Bitte Orca". Não me lembro qual, mas pela semelhança de sensações que me despertou mais tarde, creio que terá sido "Stillness Is The Move".
A segunda vez foi no Late Night com o Jimmy Fallon, em que apresentaram uma música acabadinha de fazer. Achei corajoso, e a Pitchfork também não desdenhou.

Ora num registo de guitarra quase acústica - totalmente clean, por vezes reverberada ou com trémolo - para depois enveredar numa distorção por vezes incalculada, este álbum baseia-se no que muitas bandas têm vindo a tomar como rumo: querem fazer música diferente, distanciando-se progressivamente da norma e dos cânones, mesmo que para isso a condição seja uma sonoridade mais difícil de engolir. Aconteceu com os Micachu, mas não acontece com estes maravilhosos Dirty Projectors. As vocalizações, à margem da voz de cana rachada que deixa Ezra Koenig (dos Vampire Weekend) encostado às boxes, são de uma limpidez e consciência de harmonia que pouco ou nada tenho ouvido.

E esse é o grande trunfo dos nova-iorquinos. Batem-se pela voz, quando na guitarra, bateria e baixo já pouco há a fazer (este último instrumento apresenta-se com uma limpidez que faz inveja). Não foi difícil, por isso, permitir que os Dirty Projectors entrassem pela porta da glória que, todos os anos, catapulta aquelas fornadas de bandas para um reino onde o esquecimento não entra. Nem o efémero. Estes não o serão, certamente.


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